Apresentação

Há 50 anos, Lúcio Costa lançou seu olhar sobre a imensa várzea com bois a pastar tranquilos e imaginou um espaço no qual casas, prédios, comércio e lazer viveriam em harmonia com a natureza que cobria tudo até onde seus olhos eram capazes de alcançar. Nascia a Barra da Tijuca. Hoje, de toda beleza natural, muito já não existe. Cimento e asfalto dominam a paisagem, mas a natureza escassa insiste em lutar contra o progresso.

Progresso que trouxe condomínios de alto padrão e centros comerciais, todos cercados por muros, grades, cercas elétricas e todo aparato que dá aos seus usuários a sensação de segurança que não existe do lado de fora. Para acessar qualquer um deles, é necessário ter uma boa razão, mostrar a identidade e ser fotogênico, as recepções fotografam quem entra. Constante estado de vigilância. Se para entrar é complicado, sair da Barra da Tijuca nos horários de pico é igualmente desafiador.

A mobilidade urbana, quase exclusivamente rodoviária, não acompanhou o crescimento populacional impulsionado pela verticalização dos condomínios e pela massa que chega diariamente para movimentar comércio, universidades e escolas. O transporte hidroviário seria uma opção, dado o vasto complexo lagunar totalmente comunicável, porém o assoreamento e a poluição inviabilizam a navegação em vários trechos.

No aniversário de 50 anos da Barra da Tijuca, a revista Veiga+ Barra – elaborada e realizada pelos alunos da disciplina de Jornalismo de Revista, do Curso de Jornalismo da Universidade Veiga de Almeida, sob orientação e coordenação da professora Maristela Fittipaldi – abraça o o tema “Cinco décadas de Barra da Tijuca” e lança o olhar sobre diversos aspectos do bairro que sonha ser como Miami, mas ostenta uma réplica da Estátua da Liberdade nova-iorquina. Um local que concentra um novo tipo de boemia, que paga caro e usa grife, com restaurantes de cardápio internacional e que exerce uma atração extrema sobre os moradores dos bairros vizinhos que juram morar na Barra.

Por Diego Murray